terça-feira, 10 de março de 2015

O cara: Kaká usa experiência, chama o jogo e lidera Orlando City em estreia

Brasileiro atua avançado, muitas vezes de costas para o gol, e evita desgaste físico excessivo em meio à correria da partida. Como capitão, camisa 10 tem postura serena

 


Mais do que um símbolo de uma nova franquia da MLS, Kaká foi escolhido pelo Orlando City para ser um líder do time dentro de campo. E em sua estreia oficial, no domingo, ele deixou claro que vai buscar cumprir tal missão utilizando a experiência de quem, aos 32 anos, atuou nos gigantes Milan e Real Madrid. Um conhecimento que se mostra desde a inteligência nos passes até saber a hora certa de acelerar ou diminuir o ritmo. E que também dá as caras na hora da estrela brilhar, nos acréscimos, para marcar o gol de empate.


Com nome estampado em muitas das camisas roxas nas arquibancadas do Citrus Bowl, Kaká também foi o preferido da equipe de transmissão do duelo entre Orlando e New York City. A primeira imagem do craque a aparecer no telão do Citrus Bowl foi um autógrafo concedido na camisa da mascote que o acompanhou na entrada em campo - quase que uma assinatura para provar que ele, o melhor jogador do mundo em 2007, estava ali, na Flórida, dando as caras no futebol norte-americano.



Seu primeiro ato na MLS quase foi histórico: uma cobrança de falta certeira para cabeçada de Hines, que jogou ao lado do gol. Mas seu cartão de visitas apareceu mesmo logo depois: arrancada partindo do meio de campo, driblando, um, dois, e tentando o passe decisivo para o companheiro, em posição de impedimento. Também havia chute em seu repertório, mostrado em poucos minutos - e de canhota.

Após atuar no segundo semestre de 2014 no Brasileirão, com o São Paulo, e participar da pré-temporada do Orlando City, Kaká mostrou-se bem fisicamente. Um dos segredos foi posicionar-se mais à frente do que o de costume, quase que enfiado entre os zagueiros adversários, muitas vezes de costas para o gol. Com seu time tendo mais volume de jogo, era simples: receber a bola na intermediária, girar e estar a dois passos de dar um passe decisivo ou arriscar um de seus chutes de meia distância. Foi dessa forma que ele roubou a cena no primeiro tempo, enquanto David Villa, astro adversário, passava apagado em campo.

O perfil de líder também deu as caras. Como capitão, teve postura serena: conversava com o árbitro tranquilamente, sem os costumeiros gritos e movimentos bruscos com os braços. Sua única grande reclamação foi um cartão amarelo dado por Alan Kelly a Molino, por simulação. A relação com os companheiros também era muito cordial. Mesmo sendo "o cara" do Orlando City, abria mão de cobrar algumas faltas perto da área para Brek Shea ou Molino também arriscassem.

No segundo tempo, viu sua equipe ter maior dificuldade diante do crescimento do New York e, por isso, também tentou avançar mais pelas pontas. Em meio à correria intensa do futebol norte-americano, deu uma aula de ritmo ao saber as jogadas em que precisava colocar velocidade e quando teria que diminuir o ritmo - e foi desta forma que se manteve em campo do começo ao fim, sem comprometimento físico.

Por vezes, sua grande visão de jogo não era compartilhada pelos companheiros. Como aos 20 minutos do segundo tempo, quando o camisa 10 teve liberdade para indicar um lançamento pelo alto, forçar a movimentação de Rivas e dar o passe com precisão para a área. Entretanto, o colombiano demorou a perceber a oportunidade e não chegou na bola a tempo. Por isso, também tentava decidir finalizando - o brasileiro foi quem mais chutou durante a partida: cinco vezes.

Quando, aos 31 minutos, Diskerud colocou os visitantes à frente no placar, Kaká tomou o time pelo braço e mostrou que nada estava perdido. Usou a experiência para buscar o contato com os adversários e cavar faltas na entrada da área. Não perdeu a calma nem quando o zagueiro Collin foi expulso a sete minutos do fim do jogo e mostrou a frieza necessária no lance decisivo. Quando Molino caiu na entrada da área, aos 45 minutos, pegou a bola, colocou-a no gramado e nem deu chance de Brek Shea pensar que poderia cobrar. Foi ele, o cara, que chutou, viu a bola desviar em Brovsky e morrer no fundo do gol. O 10, o capitão, o líder, marcou o primeiro gol do Orlando City na MLS. Comemorou como sempre fez: braços erguidos, indicando para o céu. Nem precisava de assinatura: era mesmo Kaká.





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