Atriz está em cartaz com a peça de Jorge Amado, Dona Flor e seus dois maridos, em cartaz no Teatro Municipal de Niterói e fala sobre a experiência de encarnar Dona Flor
Não importa em qual formato ela seja apresentada – livro, minissérie, filme ou teatro. A história de Dona Flor e seus dois maridos, do escritor Jorge Amado, tem como missão falar sobre as várias facetas do amor. E é esta a filosofia que a peça homônima mostra no Teatro Municipal de Niterói, em cartaz este fim de semana. A trama, dirigida por Pedro Vasconcelos e adaptada pelo ator Marcelo Faria, fala de um conflito que, pelo menos, grande parte das pessoas já passou: a divisão de sentimentos. E a atriz Fernanda Vasconcellos, que interpreta pela primeira vez um personagem de Jorge Amado, não nega a responsabilidade da empreitada:
“Uma responsabilidade muito grande. Aproveito sempre para agregar um pouco de cada personagem e fazer uma análise sobre minha vida”, explica a atriz.
Como no livro, lançado em 1966, o espetáculo começa com a morte de Vadinho (Marcelo Faria), sujeito boêmio e mulherengo casado com a bela Flor (Fernanda Vasconcelos). Em seu velório, os amigos relembram as farras, os jogos e as amantes do falecido. Através de um flashback, o público tem a oportunidade de vivenciar o primeiro encontro de Flor e Vadinho. A partir daí, a vida de ambos é retratada no palco, ora com humor, ora com drama. Os dois começam o namoro com a benção de Dona Rosilda, mãe de Flor, que acredita estar unindo a filha ao sobrinho de um importante político. Quando a senhora descobre a verdadeira identidade do genro, Flor sai de casa e acaba aceitando o pedido de casamento do rapaz, porém, com o passar do tempo, Flor descobre a verdadeira personalidade de Vadinho.
Durante sua viuvez, Flor sente saudades do marido e de suas imperfeições. Ainda fechada para outra pessoa, a graciosa senhora se depara com os encantos do farmacêutico Theodoro Madureira (Duda Ribeiro), respeitado solteirão que lhe propõe casamento.
Após alguns meses e ainda com saudades do, agora, ex-marido, Flor vê Vadinho em sua cama, que retorna invisível a todos, menos à sua amada. A partir daí, Flor sente-se dividida entre ele e seu atual esposo. Vadinho brinca com a morte, manipulando mesas de jogo, zombando e favorecendo velhos amigos. Em seu dilema entre a surpreendente vida com Vadinho e a metódica rotina com Theodoro, Flor passa a viver uma vida conjugal com os dois.
Questionada sobre como trabalhou o misto de sensualidade e inocência, comum às mulheres das obras de Jorge Amado, Fernanda Vasconcellos acreditou no tempo.
“Na verdade não tive muito tempo para trabalhar esta sensualidade, já que tive apenas uma semana para ensaiar antes da estreia em São Paulo. Mas esta sensualidade e inocência, carimbos de Jorge Amado, foram pegas aos poucos, conforme as apresentações eram feitas”, argumenta.
Ambientada na Salvador da década de 1940, Dona Flor e seus dois maridos traz mais referências à época do que apenas as típicas roupas. Para ambientar a peça, foram usadas músicas de Dorival Caymmi, cantadas pelos próprios atores.
Em cartaz desde 2007, Dona Flor já foi vista por mais de 600 mil pessoas e se apresentou em mais de 150 cidades brasileiras. Em Niterói, ela retorna com uma novidade: a participação da atriz Fernanda Vasconcelos, que ocupou o lugar de Carol Castro e Fernanda Paes Leme.
“Cada uma de nós possui uma personalidade e, consequentemente, a personagem se difere. Não acho que tenha uma forma específica. Quando o espetáculo esteve em Niterói, era a Fernanda quem fazia a Flor. Agora, convido todos vocês a assistirem a nova Dona Flor. Meu trabalho foi todo inspirado no livro”, justifica a atriz.
O espetáculo já venceu grandes prêmios do teatro, como o Qualidade Brasil (Melhor Ator – Marcelo Faria, Melhor Diretor – Pedro Vasconcelos e Melhor Espetáculo); foi indicado ao Prêmio Shell de Teatro/2008 (Melhor Ator – Marcelo Faria e Melhor Diretor – Pedro Vasconcelos) e indicado ao Prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante para Ana Paula Bouzas pela APTR/2009.
História multimídia
O drama da mulher que mantém um relacionamento com os dois maridos – um vivo e o outro morto – conquistou o público brasileiro e isso foi refletido na mídia.
Uma década após o lançamento do livro, Dona Flor ganhou as telonas brasileiras, em 1976, sob a direção de Bruno Barreto. O filme ganhou, inclusive, por 34 anos, o filme nacional de maior bilheteria, levando mais de 10 milhões de espectadores ao cinema, perdendo o posto apenas para Tropa de Elite 2, em 2010. No longa, o triângulo era formado por Sonia Braga (Flor), Jose Wilker (Vadinho) e Mauro Mendonça (Dr. Theodoro). Nos Estados Unidos o filme ganhou uma versão, chamada Meu Adorável Fantasma. (Colaborou Ricardo Rigel)
Serviço: O Teatro Municipal de Niterói fica localizado na Rua XV de Novembro, S/N, no centro de Niterói. Sábado, às 21 horas. Domingo, às 20 horas. O ingresso custa R$ 70. Telefone: 2620-1624. Censura: 16 anos.
Fonte: O Fluminense
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