O ritmo baiano é onipresente. O primeiro encontro com ele se dá na entrada do navio, quando se cruza com uma trupe que batuca pelas escadas dos 12 andares.
Os "trios elétricos" improvisados entram pela madrugada. Além de axé, o navio registra boas doses de sertanejo, pagode e dance music.
AZARAÇÃO
A piscina é o centro nervoso da micareta em alto-mar. Por lá, circula gente como o gerente de vendas Diego Blasco, 23, de Poá (SP).
Para atrair as meninas --ele diz que ficou com "dezenas"--, Blasco busca fazê-las rir, recorrendo a expedientes como andar pulando, enfiar a cabeça na lixeira e circular com um Pica-Pau de pelúcia no pescoço.
As mulheres também investem: ao longo dos dias, é possível vê-las se esfregando nas escadas de metal da piscina, mostrando os seios ou simulando pole dancing.
Uma bancária de Maceió que pede para não se identificar diz que não imaginava tanta azaração. Quantos pegou? "Jogando para baixo? Um", diz, às gargalhadas.
As festas começam após o café da manhã e varam a madrugada. A engenheira Juliana de Paula, 29, reclama que a bebida começa a circular muito tarde, às 11h. Uma pequena rebelião é deflagrada quando a boate fecha, às 4h.
Alguns desprezam as praias. "Quem quer conhecer Búzios se aqui tem cerveja?", indaga um paulistano, satisfeito com suas "duas minas e uma transa" no segundo dia.
O "Navio Elétrico", show de três horas comandado por Claudia Leitte, é o clímax. Os passos da "Dança do Caranguejo" fazem todos pular.
TIETAGEM
A maioria dos passageiros --que pagaram de R$ 850 a R$ 3.000-- só rende elogios ao cruzeiro. Entre dezenas de entrevistados, a reportagem só ouviu duas críticas.
Um casal gaúcho se desencantou com o cheiro de cerveja e vômito da área da piscina e preferiu o cassino.
A outra crítica é de um juiz de Curitiba que acompanhava a filha de 13 anos fã de Claudia Leitte. Ainda nas primeiras horas no mar, Fernando Ganem, 39, dizia estar achando a viagem "legal", mas, sob o axé, já reclamava da "muvuca desgraçada".
As fãs adolescentes de Claudia Leitte são um grupo à parte. Alheias à pegação, fazem vigília em frente à cabine dela. O contato com a estrela as leva às lágrimas.
No último dia, após dançar até altas horas, os micareteiros têm que desocupar as cabines às 8h30. O desembarque só ocorre três horas depois. A espera leva centenas a dormir pelo chão.
Uma música calma enfim toca no sistema de som.
Fonte: Jornal Floripa
Nenhum comentário:
Postar um comentário